domingo, outubro 24, 2004

So much for a perfect day, I guess.

Chegamos em casa ontem para receber o padrinho do Gabriel. Gabriel foi brincar com os hamsters. Coraline morreu. Gabriel ficou inconsolável... Expliquei que ela já devia estar doente, para ele ñ se preocupar. Nós achávamos que ela estava grávida. Ele chorou por ela e pelos filhotinhos não nascidos. Apenas se sentiu melhor quando falei para ele que faríamos um enterro viking, como eu já havia feito para um gatinho que tive quando morava no Flamengo. Aí ele me perguntou se o gatinho estava no mar até hoje e eu respondi que não, que agora ele fazia parte do mar. Disse a ele que um dia talvez Coraline vire uma conchinha, daquelas que sempre se acha na praia, brancas rajadas de laranja. E la nave va, e o padrinho dele chegou, e fomos comer pizza.

Bom, eu tenho um enterro viking para oficiar, com licença.
One Night Stands

One night stand é a arte de você se tornar tela em branco para que ele pinte suas fantasias. He's not interested in you, lady. He's interested in get laid. Cabe a você decidir se quer se prestar ao papel ou não. A grande maioria sabe apenas reproduzir uns rabiscos do que viu no poster central de alguma revista. Às vezes, no entanto, você se depara com um que sabe não só manusear as tintas como explorar e aproveitar bem as características do suporte. O resultado final é único, maravilhoso, você poderia experimentar infinitas variações sobre o mesmo tema. Algumas vezes é recíproco e artista e tela seguem reproduzindo a vida sob lençóis ardentes. Chato é quando ele estava apenas testando a capacidade do seu pincel :/

sábado, outubro 23, 2004

Well, well, well... Gabriel

De manhã desenhando com os amiguinhos eu ouço ele cantarolando a trilha incidental de Star Wars - O Império Contra-Ataca.

"O que você está fazendo, Gabriel?!"
"Estou desenhando um foguete, mamãe!"

O.o!

Um pouco mais tarde eu peço desculpas a ele por estar trabalhando no computador e não poder dar a atenção que ele merece e se ele tinha ficado chateado... E ele me diz "não, mamãe!" "Porque? Eu teria ficado chateada" "Eu amo muito você e acho você muito bonita" ele responde, e eu ganho o dia e meu complexo de culpa é fulminado.

Gabriel se acostumou a ligar para minha mãe do meu celular... a cobrar. Discagem rápida. E associou a "musiquinha" ao ato de telefonar. Ele diz que o husky siberiano da promoção do Mc Donald's que eu comprei para ele é seu cachorro celular e tem sua própria operadora. Aquela é a musiquinha da operadora.

O.o!

De tarde Gabriel me avisa que vou conhecer sua nova namorada na escola, Anne. Ele vai fazer o papel de árvore no teatrinho da Festa da Primavera. Ela faz o papel de bruxa... Realmente a menina é linda. Mas todas as namoradas anteriores também eram. O moleque escolhe bem! E na volta ele fica empolgadíssimo porque tirou foto ao lado dela e os coleguinhas e fala assim para a minha mãe:"você podia pedir ao moço da foto para colocar a minha foto e a da Anne dentro de um coração, né, vó?" E conta que pediu ela em namoro aos pais dela, que deu um beijo nela e levou ela para passear num jardim de rosas... Tão romântico, a cabecinha tão cheia de fantasias... igualzinho à mãe, putz.

E agora vamos pra casa, apresentar o apartamento novo pro padrinho dele. E amanhã vamos tomar banho de piscina no SESC. Eu e meu filho, fazendo bagunça e curtindo um ao outro. Um dia perfeito.
Há beijos e beijos e beijos. Há todos os que dei nos últimos tempos, profundos ou suaves, todos eles vazios e estéreis, sem sequer arranhar a superfície da alma, pobres beijos da boca para fora, eu objeto mais-que-passivo da oração. Há aquele beijo em D. que mudou e definiu os rumos da minha vida a partir dele - nada foi igual ao bittersweet daquele beijo. Há os beijos que dou no meu filho, beijos de amor de mãe, doces e sinceros, únicos que dou sem receio de ser rejeitada, ferida ou usada. Há a última vez que meus lábios tocaram aqueles lábios macios e tímidos e eu sempre sabia que poderia ser a última vez mas por dentro esperava que não, a certeza morna de que havia outra mulher revelada uma semana depois. E há o desejo de um beijo ainda por dar crescendo suavemente dentro de mim, ah, eu posso adivinhar o sabor que esses lábios têm, posso sentir que me daria toda nesse beijo. Mas esse beijo me dá medo. Não vejo futuro nele. O que mais seria do que me permitir molhar a boca em acqua fresca quando todo o meu corpo seca de sede? Ouso ir além dos meus próprios preconceitos às vezes e me deixar imaginar mais do que tenho direito a realizar. O sussurrar dos fantasmas de centenas de outros beijos semelhantes ecoa em meus ouvidos... e embora eu saiba que é praticamente impossível nesta altura da minha vida, ainda gostaria de ser agradavelmente surpreendida. Afinal, há beijos e beijos e beijos.
Gato arisco, gato arredio, tão difícil de chegar a tocar, se aproximando lentamente da minha mão, ficando um tempo por perto olhando desconfiado, parecendo quase à vontade por um tempo, me observando curioso para ver até onde eu quero chegar, atento a qualquer movimento mais brusco - minha mão continua estendida, esperando. Não vou fazer o primeiro movimento, esperarei te acostumares com meu cheiro e meu jeito, esperarei que ofereças tua cabeça às pontas dos meus dedos e que percebas que nada desejo além disso. Não tenho pressa, tenho todo o tempo do mundo e paciência para esperar.

Por enquanto me contento em achar graça no teu jeito de se aproximar um pouco e fugir de repente, de súbito, sem me deixar saber se um dia permitirás que meus dedos te percorram o corpo preguiçosamente ou irás morder a minhha mão com teus dentes afiados na primeira oportunidade de me colocar no meu devido lugar...
Hmmm... Interessante. O último post foi, novamente, por e-mail mas dessa vez foi publicado ao invés de parar no draft. Será que a questão foi trocar a acentuação pelo código? Pra quem já escreve post digitando tags de formatação, me acostumar a pensar assim não vai ser nada demais... Estou perdendo a espontaneidade para postar, o que é uma vantagem e uma desvantagem. Escrevo algo no papel que acho que se encaixa no blog, depois olho, paro e penso se quero me expor com relação àquilo ou fico com preguiça de digitar :/

Nah... amanhã com calma eu digito meus delírios escondidos em folhas soltas dentro do livro da vez (era Pandora, agora é Ana Karenina).

Querido diário express

Fui ver Kill Bill 2 com Lila. Gostei, mas continuo achando que o 1 e o 2 são um só filme em duas partes, então "gostei mais do 1 ou do 2" não faz muito sentido na minha visão holística do mundo :P

Quarta fui agradavelmente surpreendida por um debate filosófico em um ambiente inesperado, Dionísio foi louvado como lhe convém e um brinde tríplice foi oferecido aos deuses a quem cada libação cabia. Descobri, divertida, que certos limites se dissolvem em vinho. E mais não digo, rs.

Quinta eu tomei uma decisão muito importante que vai mudar a minha vida e lançá-la na direção que eu sempre sonhei. Isso implicará em sacrifícios e um novo planejamento de tempo e dinheiro, mas estarei dando para Chaturno e Putão o que eles esperam de mim então espero contar com suas dádivas em troca, afinal estou mostrando serviço (viu, Saturno?) e mudando radicalmente minha vida (viu, Plutão?). De resto hare Shiva e que venham os freelances!

Hoje eu ralei pacaralho por conta do lançamento de O Abraço Partido sexta que vem e continuarei ralando mais ainda na próxima semana mas feliz, porque amo muito o meu trabalho e estou combatendo o bom combate e lutando pelos meus sonhos e finalmente fiz um planejamento coerente de carreira e futuro e me sinto tão adulta e madura com isso...

segunda-feira, outubro 18, 2004

caradepaupontocompontobêerre

Green, the color of the ocean in my dreams...

***Isso é um trecho de uma música indie de uma banda indie dum K7 duma coletânea indie que comprei num evento de fanzines, rock e quadrinhos na Laura Alvim há anos atrás... MAS não é por isso que essa música está na minha rádio mental. Como diz o tio Renato Russo, 'ha, vocês erraram... essa música é sobre OUTRA coisa' ;)
Tá, eu tenho lá meus preconceitos. Homens mais baixos do que eu e gente com preguiça de pensar. Pessoas com preguiça de pensar me irritam profundamente, eu bem que tento mas fico impaciente e me controlo muito mal nesse ponto. Não é a ignorância, a falta de conhecimento que me irritam. Eu até GOSTO de ensinar, compartilhar conhecimento é MUITO gratificante. Me irrita é a pessoa que sequer procura entender como as coisas funcionam, que mistifica as coisas, que não busca, fuça, xereta, mexe, experimenta... Aquela para quem ensinar é inútil, ela quer resolver aquilo de imediato, vai esquecer o que você explicou e te perguntar de novo dez, vinte, todas as vezes... Mas eu vou me esforçar um pouco mais para aprender a relaxar e perder a minha fama de mau, antes que eu me transforme no supra-sumo do ser anti-social.

Quanto aos homens mais baixos que eu, coitados, eu bem que tento não ter preconceito mas é mais forte do que eu. Alguém tem que amar os altos, (muito) magros e de óculos... e esse alguém sou eu :)
Auto-conhecimento... Essa tem sido a tônica dos últimos tempos. Engraçado porque até meio comum, meio óbvio e presente em todos os manuais de auto-ajuda para tímidos. Mas como com a lente refratária com que me enxergo pequenina e indefesa perante esse mundo imenso com tanta capacidade de me machucar eu poderia perceber que as pessoas vêem na minha atitude de estar na defensiva sempre por medo de não ser boa o bastante, *exatamente* que eu me consideraria melhor do que os outros, arrogante e metida a saber de tudo? Eu, que sempre achei que se não desse *sempre* o melhor de mim jamais seria pelo menos aceita pelos outros um pouquinho que fosse, descobrindo que isso é interpretado como exibicionismo, chega a ser tão irônico que dói. Futucando dentro de mim aqui e ali e resolvendo um mal-entendido de MESES com uma das pessoas que mais prezo nesta vida, encaixei mais uma peça no quebra-cabeças, talvez graças ao maior conhecimento de Astrologia que os papos com o Picolé me trouxeram: eu tenho minha casa 3 em Leão. Papai é Leão. Stupid, stupid me! Claro... que forma melhor para tentar me proteger do que sendo a filha de meu pai? Vestir a máscara do leão seguro e orgulhoso para ninguém ver a menina assustada por trás.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Hate

Não posso dizer que eu nunca tenha sabido o que era odiar. Aprendi cedo demais a conhecer este sentimento, quando ainda era uma criança. Sempre me senti meio que violentada na minha inocência por nâo ter tido chance de ignorar a existência deste sentimento até a idade adulta. Eu odiei minha avó paterna, um ódio alimentado, herdado, aprendido, revoltado, até o dia de sua morte. E achei que jamais odiaria alguém novamente, jamais conheceria o que significa ir além da raiva com uma intensidade tão brutal, tão violenta, tão sublimada. Eu estava errada. Na noite do dia 11 de outubro, enquanto esperava desesperadamente na incerteza de que teria de novo meu filho em meus braços, depois de mais uma vez ter cedido à minha necessidade de acreditar que as pessoas podem mudar, de ter cometido o erro estúpido de sucumbir à culpa e à pressão social que martelam todos os dias que não importa o quanto o pai do meu filho seja uma criatura psicótica, alucinada e doentia ele ainda É o pai e tem o direito de ver o filho e oh, que coisa mais natural do que deixar o filho passar o dia das crianças com o pai, nessa noite, a cada minuto de desespero, eu tive a certeza absoluta de que odeio esse homem com todas as forças de que
sou capaz e algumas ainda que sequer sabia que existiam dentro de mim.
Eu o odeio profundamente, com uma força e uma intensidade tão grandes que poderiam pulverizá-lo se ele me tocasse. Eu odeio tudo que ele é, tudo que ele faz e tudo que ele representa. E percebi assustada que seria capaz de matá-lo se ele fizesse algo com meu filho, que meu descontrole no que toca a ele é tão intenso que tenho medo de mim mesma, de quem me torno quando penso nele. E que não quero vê-lo nem falar com ele nem deixar que este louco chegue novamente perto do meu filho, que todas as tentativas de ser civilizada e gentil não mudam o fato de que ele se alimenta do meu ódio. Que não posso mais permitir que ele me desestabilize. E que inferno ficar dividida entre ter que explicar ao meu filho porque não quero que o pai dele o veja e
continuar me violentando desse jeito... mas perdão e boa vontade têm limites e ele cagou em cima de todos os meus limites por tempo demais para que eu possa voltar atrás. Que ele morra entalado no seu maniqueí­smo mitômano e de preferência cedo o suficiente para que não possa influenciar meu filho com sua doença.

domingo, outubro 03, 2004

Trilha sonora incidental número 2:

Raimundos (Não é assim que se fode não, não é assim que se fode não, não é assim que se fooooooo-de! Não é assim...)

Vou ali tomar cicuta e já volto.

sábado, outubro 02, 2004

Send in the Clowns - Renato Russo em Stonewall

Isn't it rich?
Aren't we a pair?
Me here at last on the ground,
You in mid-air.
Send in the clowns.

Isn't it bliss?
Don't you approve?
One who keeps tearing around,
One who can't move.
Where are the clowns?
Send in the clowns.

Just when I'd stopped opening doors,
Finally knowing the one that I wanted was yours,
Making my entrance again with my usual flair,
Sure of my lines,
No one is there.

Don't you love farce?
My fault I fear.
I thought that you'd want what I want.
Sorry, my dear.
But where are the clowns?
Quick, send in the clowns.
Don't bother, they're here.

Isn't it rich?
Isn't it queer,
Losing my timing this late
In my career?
And where are the clowns?
There ought to be clowns.
Well, maybe next year.

*E eu tenho me sentido assim, como se nada conseguisse penetrar essa frieza e indiferença por tudo ao meu redor que tenho sentido. Insensível. Owner of a frozen heart. Vaca frígida. Tão fácil mergulhar bem fundo dentro de mim mesma, no meu "autismo" como mamãe sempre diz, para poder suportar com um sorriso no rosto tudo que me desagrada... Me assusta perceber que nada nem ninguém mais me faz vir à superfície. Percebo os motivos por trás dos motivos e os defeitos por trás das aparências e viver enxergando além do véu de maya não me permite sequer a indulgência da auto-ilusão. E tenho medo de começar a SER fria ao invés de apenas ESTAR fria. Vai ver isto é apenas um "lack of interesting people in my bed". Se isto é o retorno de saturno se aproximando eu quero meu dinheiro de volta!

Mas isso é apenas parte do todo já que estou feliz com minha nova casa, meu filho está aqui do meu lado com seu amor sincero e seu abraço aconchegante, minha marida é muito-foda-mesmo e eu tenho um leque vasto de oportunidades diante de mim.

But where are the clowns?
Quick, send in the clowns.
There ought to be clowns.
Well, maybe next year.
Mental Disorder Bitch Parade - edição especial de sábado

Pois é... uma música, uma maledeta música não sai da minha cabeça nem a porrada. E a minha rádio mental andou tão bem comportada por esses últimos tempos... Parecia até set list... and the winner is:

Devotos de Nossa Senhora Aparecida - Pau no seu cú (pau no seu cú, menina... você não soube me chupar...")

Eu bem que gostaria de não saber porque essa música tem a ver, he. Hmm... Eu não sou tão normal assim... Outro dia me peguei cantando "1,2,3,4" do Little Quail and The Mad Birds no supermercado... (o nome da banda é maior do que a letra da música :P)

*Essas coisas eu não posto no Multiply rs... devem atrair coda pra cacete. Em compensação meus stats vão ficar altamente pornográficos esta semana... Todos os punheteiros de plantão entrando aqui... oh céus :P